Mulheres na Ciência


A matéria divulgada pelo Nexo Jornal, um periódico digital, foi publicada em abril, mas atualizada em maio deste ano e analisa a proporção de mulheres em diferentes ramos da pesquisa científica. Identificando qual o impacto dessa presença na produção científica em todo o mundo, a partir de dados da Elsevier (a maior editora de literatura médica e científica do mundo, que faz parte do grupo Reed Elsevier) podemos também compreender as mudanças de acordo com o país e a área:
https://www.nexojornal.com.br/grafico/2017/04/26/A-participação-de-mulheres-na-pesquisa- 
Os gráficos na matéria são importantes para observar algumas constatações, o primeiro apresenta a evolução na proporção de mulheres pesquisadoras no mundo no período de cinco anos no final dos anos 1990's e início dos 2000's e onze anos depois. O segundo diferencia através de áreas de atuação no Brasil a quantidade de homens e mulheres:

Seguindo os atuais debates, questionou-se o lugar secundário ocupado pelas mulheres, a recepção e a contribuição feminina na bibliografia científica. Por isso, o outro gráfico na reportagem é sobre o impacto dos artigos por gênero no mundo no período de 2011 a 2015 é revelador no que tange à predominância da figura masculina, europeia e norte-americana como referências nos estudos. O fato é que, no Brasil e no mundo, embora a presença das mulheres na Ciência tenha aumentado, os números ainda são muito pequenos. Dados do Diretório de Grupos de Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) mostram que, em 2010, as mulheres já eram maioria entre estudantes de doutorado no Brasil, com 55,7% do total (em 2000 eram 49,1%). Em número de pesquisadores, respondem exatamente pela metade do contingente brasileiro. Mas, no rol dos líderes dos grupos de pesquisa, ainda são minoria. Elas são 45% do total de líderes, ante 39% no ano 2000.
A Elsevier também produziu um dossiê analítico da performance da pesquisa através de lentes de gênero em 20 anos, 12 geografias e 27 áreas subjetivas. 
Compreender, por exemplo, a produção científica feminina nos estudos historiográficos já faz parte da agenda atual da área. A longa duração do cerceamento à mulher aos espaços intelectuais privilegiados, bem como os preconceitos relacionados a uma suposta natureza feminina, tornam necessários a reafirmação e evidenciação dessa disparidade de modo a fortalecer um debate que possibilite uma mudança de rota. Investigações lideradas por mulheres e sobre as mulheres na ciência vem se expandindo a partir da luta incessante pela conquista de seus espaços. Tratar com profundidade a relação entre as mulheres e a ciência pode nos levar a descobrir as razões estruturais da sua secundarização, especialmente se conseguirmos compreender como pode ser possível que, mesmo estando em número igual ou superior, as mulheres ainda não ocupem posições de proa. A historiografia assume então um papel importante de, ao mesmo tempo, recuperar um passado que evidencie a importância feminina e também crie os novos espaços necessários para sua afirmação.

Para acesso ao dossiê: https://www.elsevier.com/__data/assets/pdf_file/0008/265661/ElsevierGenderReport_final_for-web.pdf 

Por Bruna Stutz Klem
pesquisadora da COMUM-UERJ
mestrada do PPGHIS UFOP

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